quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


Os poetas não são azuis nem nada, 
como pensam alguns supersticiosos, 
nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. 
O de que eles mais gostam é estar em silêncio - 
um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. 
Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.
Viu? Esse silêncio que tem.

(Luciane Recieri)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


sim,
somos um descaso
do acaso,
plantados num vaso
beeeeem raso.
sou o mais primitivo pensamento,
nesse momento um Bento,
agora o mais impossível, o improvável
nesse momento afável,
instante itinerante avante
mambembe com carro alado
sem as chaves, sem entrave, só clave
indefinida, Fá, Sol sem Dó
é pó, poeira no chão
sujeito taxado com dom.
discreto, descaso, desfaço
desato os nós, a sós.

sou só, sozinho em um ninho,
e você prefere prever...carinho.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


Não espere de mim muita coisa
devia falar a verdade
desde o começo a fala perdia
desde o princípio o aviso calava

me deu um calo na guela
e a língua toda enrolada
isso não é desculpa
mas também não é piada

olhando pra pia
sentado na sala
nada se ouvia
nada mais importava

só servia o que sentia:
era um soco e uma palmada

só servia uma bebida:
era cachaça e limonada.
Quanto pesa
quando passa
se entrega
eu acho graça
suponho no sonho maluco
risonho tomando susto
sua mensagem vem do futuro
você vem no presente
a ponte vem do passado
procurando eu me encontro
na rua, do outro lado
firme em cada passada
a camisa nem discuto
sempre a mesma, a listrada
sua voz me ecoa

você soa música boa.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Meu tempo é outro
outrora, outono
uma outra coisa
cousa louca
lousa preta
poupa a polpa
no navio, popa solta
Titanic, Sputnik
Alambique e Manguebeat
As 3:33
meu tempo, minha vez.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

não quero errar
e é preciso acertar as palavras
exatidão, precisão
são os meus pontos fracos
demoro a aprender
quando se trata de viver
desculpa, peço desculpas
por que sou tão tolo
por que do bolo
sou apenas a mordida
da chegada, a despedida
se cheguei é porque partirei
e vice-versa
sei, parece tudo conversa
fiada, acabada...é nada!
eu gosto e engasgo
mas com um grito, esmago
espero a pressa passar
e quero esmero

não tenho
não pertenço
não mereço
não pareço o que se vê

desculpa

mas eu não sou o que se vê.
pode crer?


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

nem um passo a mais
se for pra olhar pra trás
nem um passo a menos
se for pra ser o que queremos

só sobra a sombra da dúvida
semblante, semínima e difusa.

canção que corre
escorre dos meus ouvidos
canção que não morre
inove

progressivo e dinâmico
esse jeito de mudar
me enlouquece
pra mim
me enobrece
pobre ser

sem querer
vai ganhar
ou vai perder;
mas sabendo
que vai SER. (seu)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

to vazio aqui
um instante infinito vivi
o tempo passou tão rápido
que perdi a hora de dormir

se desvio o pensar
encontro o pesar

atenção é a tensão agora
me proíbo de morrer hoje
me proíbo de viver ontem
só não me impeço de nascer amanhã...